20 de dez. de 2009

Melhor do que chegar é ter pra quem voltar

Nem avião, nem sequestro, nem tráfico internacional de órgãos. O que mais me afligia ao fazer essa viagem era que, na volta, Davi, meu sobrinho baby, estivesse falando Tia Celinha primeiro do que Tia Flavinha. Ou que ele me esquecesse, estranhasse, sei lá, qualquer coisa do gênero depois desse tempo longe. 


Logo eu e ele, tão íntimos. A gente tinha uma brincadeira só nossa: eu levantava ele bem alto e, na descida, ele mordia o meu nariz. Depois virou uma categoria vip de beijo: todo mundo ganhava na bochecha, o meu era sempre lá. Pois bem: aeroporto, família junta, mil saudades e eu, bem despretensiosa, vou falar com Davi meio que me reapresentando. Ganhei, sem pedir nem nada, um nariz babado e o dia.


Depois de matar a saudade dos de casa, está aberta a temporada delícia de almoços e cervejinhas com os amigos, pra responder a mesma pergunta: "Vai, conta, conta, como é que foi lá?". 


Tô chegando e, ao mesmo tempo, me despedindo. Muito obrigada a vocês que estiveram por aqui como ótimos companheiros de viagem. Beijos e abraços em todos.  Mas agora, com licença, que eu vou colher o resto dos meus.

19 de dez. de 2009

Lost

Pra quem não assiste a série, em Lost os personagens pegam uma avião que some do mapa e cai. Pois bem. Foi disso que eu mais lembrei no meu vôo de volta, quando a pilota da Delta (sim, era uma pilotA) avisou: 
"Senhores passageiros, queremos informar que a nossa aeronave apresenta falhas em um dos equipamentos e por conta disso precisaremos retornar imediatamente aos Estados Unidos"


Eu, que achava que a minha maior dificuldade da noite seria me acomodar naquela semipoltrona da classe executiva, não conseguia mais achar posição. Os outros passageiros também foram despertando um a um com cara de "ela disse isso mesmo ou era um pesadelo?". Mas a pilota fez questão de dirimir qualquer dúvida de que o bagulho era mesmo sinistro, mano, e continuou a explanação: " Informamos que o procedimento é de fato necessário,  pois trata-se de um equipamento muito importante para a aeronave, já que é através dele que podemos ser localizados no radar e pelas demais aeronaves em tráfego". Era ela falando e eu imaginando William Bonner narrando o mesmo enquanto aparecem aquelas simulações digitais de desastre no Jornal Nacional. 


Olhei pro GPS e vi o aviãozinho voltando de Cuba, querendo mesmo era que fosse possível ver ali se vinha mais algum na direção contrária. Começou a confusão, gente reclamando, criança chorando e quem não tinha ido com a cara do passageiro do lado virou íntimo repentinamente. Nem as comissárias, que geralmente têm aquela cara de paisagem, conseguiam disfarçar o nervosismo. Um passageiro foi perguntar quanto tempo ia levar pra chegar e levou um fora: " Se o senhor quiser, a gente continua, mas quero ver se assim dá pra passar da Amazônia". 


Ok, ok, comecei a rezar, a agradecer a  Deus pela minha vida e pela de todo mundo.  Pela sua, inclusive. Repeti não sei quantas vezes a lista de queridos na oração ( e olhe que são muitos) as horas se passando e nada de chegar. Até que não sei como o avião aterrissou, que beleza. Tô viva! Tô viva! Mão no coração, igual eu fazia quando era pequena, só pra me certificar de que não tinha morrido ainda. Chegou, chegou, que bom, que bom. Pronto?  Inventaram de dizer que iam consertar a peça, para protesto geral. Antes que virasse baixaria, resolveram que a gente ia ser transferido para outro avião. Mais 3 horas de espera. Eu tava que não aguentava. Pensei até em gritar: go get Jack!, pra ver se o herói do seriado aparecia pra me salvar. Mas se tem compahia aérea que não tem nem mecânico direito,  quem dirá ter um médico gostosinho de plantão.

13 de dez. de 2009

Deu a louca nos comments

Bocado de gente escrevendo dizendo que não consegue mais comentar... Rapái, sei o que é não... Quem tiver alguma pista, favor mandar email : flavinha-marques@hotmail.com

12 de dez. de 2009

O que é o metrô de NY?









É uma punk com 13 anos e 31 piercings.  

É um novelo de linhas coloridas onde brincam os gatinhos de Wall Street. 

É um palco onde se revezam um negão com um sax, um chicano de viola e uma sósia de Janis Joplin.

É um casal de orientais de mãos dadas cochilando um no obro do outro, enquanto você tenta adivinhar se eles estão de olhos abertos ou fechados.


É uma briga que acontece exatamente no seu vagão e uma polícia que adivinha e aparece na próxima parada. 


É uma família de judeus ortodoxos, em que até o menininho de três anos tem a cabeça raspada e um cachinho caindo em cada orelha.


É ter paciência com a interminável obra nos trilhos e eventuais mudanças de linha. (coisa besta, dia sim, dia não:)


É ouvir  "This is a Manhattan bound" quando você quer ir pro Queens e "This is a Queens bound" quando você jurava que tava indo pra Manhattan.


É sonhar com o mesmo locutor sacaninha repetindo, o tempo todo: "Stand clear of the closing doors, please", como se fosse possível se afastar da porta na lotação da hora do rush.




É a locação de Men in Black e Madagascar, se o trem parar na Grand Central.

É onde o vento faz a curva, e o pensamento, não.


É um desfile de moda contemporânea, urbana, chique, despojada, avant-garde, retrô, com peças que exploram bem a alfaiataria, carpintaria, maçonaria, padaria, meu deus, que fauna maravilhosa é essa?


É um mundo inteiro que cabe em um buraco no chão. 


É uma menina morrendo de saudade, que apóia a cabeça na janela e sonha que a próxima parada seja no Brasil.


11 de dez. de 2009

Dorme neném

Tudo bem que o metrô tava demorando, mas essa criatura não precisava ter caído de sono, babado e roncado por cima de mim, né?






Hitler versão promo

Dizer o que vi de mais chocante na parte do museu judaico daqui que trata do Holocausto é complicado, mas sem dúvida o que vi de mais curioso e absurdo foi um joguinho para crianças, bem bonitinho, com tabuleiro alegre e peças coloridas, cujo objetivo era... exterminar bonequinhos judeus. Uia. 

Museum of Jewish Heritage: http://www.mjhnyc.org/


6 de dez. de 2009

Tempo bom

Começou a nevar. Tão lindo. 
Mas calorzinho de Recife sobrando eu compro. Ainda bem que Thomas e Fati
trouxeram um bocado.