19 de out. de 2009

O que não esperar das pessoas

Faça chuva ou faça sol (geralmente chuva), em Nova Iorque ninguém anda. Corre. Ninguém come. Engole.


Estou numa mesa para dois, vem um garçom e pergunta quantas pessoas vão chegar. Expliquei que tava esperando um amigo. O garçom aponta pro balcão e fala, meio abusadinho: "Então  por que você não espera ele ali?". Ok. 
Vou embora. O lugar não era lá essas coisas todas mesmo.


Aí outro dia vou passando em frente a um restaurante massa e a hostess me convida para entrar. Agradeci, disse que já tinha almoçado, mas ela insistiu e me convenceu a experimentar um Tiramisu caseiro delicioso. E era mesmo. Fora que o lugar era lindo, charmoso, cheio de velinhas. Fiquei pensando em quanta gente querida queria levar ali. Mudei de idéia.


Cinco minutos depois, vem o garçom com a conta que eu nem tinha pedido ainda, me dá uma cutucadinha e diz: "Dá licença, estamos precisando da mesa". Não era possível. Ele que tinha me acomodado ali. Tinha um monte de mesa desocupada ao lado. Seria alguma coisa errada com a minha roupa? Com o desodorante? Alguém teria cochichado no ouvido dele algo sobre o meu passado no bairro da Mustardinha?


Três dias elocubrando que danado eu tava fazendo de anormal nos restaurantes locais, até que me deparei com essa plaquinha aqui numa padaria, botando o cliente pra fora, sem nenhuma cerimônia, se demorar mais que o tempo regulamentar:





Uma plaquinha, não. Eram cinco. Uma ao lado da outra, pra ficar mais do que claro a qualquer desavisado como eu que ali se deve e mastigar e zarpar. Ou seja, eles têm uma verdadeira paranóia com demora nas mesas por aqui. Algo como, a gente está fazendo o favor de vender comida a você, que faz o favor de dar lucro pra gente. Uó. Uó. Uó.


Mas nem tudo é dureza nessa cidade. Em meio à frieza e de tantas pessoas correndo pra lá e pra cá, também é possível se deparar com gente sensível e sem pressa alguma. 


Como uma senhora desconhecida que se aproximou pra conversar comigo num café, num dia em que eu estava triste. Do nada, veio me dizer que eu era uma pessoa boa e bonita, que eu não me preocupasse, que tudo ia ficar bem. Ou como um senhor que zerou o taxímetro e deu várias voltas só pra me mostrar exatamente onde ficava o próximo lugar que eu ia e ainda me devolveu a gorjeta. Tudo isso na mesma noite, com uma doçura rara de se ver por aqui. Vai ver eram dois anjos-avós.

3 comentários:

  1. Bem na altura do campeonato tudo é possível.
    Sugiro que voce use outro disfarce.
    Bjs.

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  2. Ainda bem que em qualquer lugar existem pessoas boas!
    Quanto aos costumes esquisitos daí... esquenta não! Abstrai, nêga, Abstrai!

    Beijão!
    Aninha

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